sábado, 9 de julho de 2011

- Aquarela. (Relato de um sonho).

Eu estava sob uma tela minha que se mexia em ondas, eu julgaria mar.
Mas era céu, e pareciam pedras sob meu pés descalços, pedras mornas...
E o mais pesado dos meus sonos pôs-me um vestido turquesa
Indecentemente transparente, e eu me sentia flutuar, sozinha.
Eu, minha tela sobre mim, um pincel que eu segurava na mão esquerda.
As pedras e um sorriso que aos poucos se esboçava.
Pintou-se no céu uma aquosa aquarela em tons de verde e azul anil.
Que se misturavam com as nuvens, mas não faziam um tal sentido perto delas...
Era como se tivéssemos posto chumaços de algodões na água transparente e passado
o pincel levemente suado de tinta por cima.
E as cores eram as mais lindas, antes variavam de tons de verde para azul, num intenso vai e vem.
E quando meu sorriso era largo para a paisagem, ela sangrou.
Pingaram um vermelho na minha pintura, viscoso e heterogêneo, como sangue.
Sangrou, abriram-se os céus, e sangrou, muito.
Era de uma tristeza infame e alarmante o estrago do meu quadro de tranquilidade.
E parecia rasgar o céu, como eu rasgara minhas telas quando desenhava teus olhos negros.
Teus olhos que me perseguiam, ai de mim. Bloqueavam meus pincéis.
E eu irritada os rasgava, e eles pareciam gritar para ficar mais um pouco, olhando, em volta.
Mas não sangravam, eram de papel.
Mas o sangue que descia da minha tela suspensa de céu, era ( ou parecia ser) real.
E caia sobre mim, não era meu pincel que estava causando tamanho estrago,
ele estava nas minhas mãos fechadas em punhos.
Rasgou-se então a tela, findou-se então o céu.
Eu cai de joelhos na imensidão vermelha.
Abri os olhos e teus olhos negros me fitavam com uma dor.
Que me fez pintar o vermelho com lágrimas.
A dor te terem sidos esquecidos e queimados na fogueira das telas impuras.

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