terça-feira, 13 de março de 2012

Naufrágio.

Eu ainda venho e atraco o meu barco no teu porto, buscando ainda um vestígio de hospitalidade, que não vem.
Me vem uma camaradagem que de segundo em segundo se torna, rude, fria, faca. E fere, me fere demais.
Eu ainda buscava pouco, hospitalidade apenas... Hospitalidade que não era nada comparada ao nosso tempo de mares agitados, marés ferozes e aquela felicidade selvagem que a gente gostava de ter.
Não consigo desviar as rotas, os mapas em meu corpo ainda estão vivos e impulsionam minhas velas para o teu cás, até os ventos não ajudam e sopram à teu sentido. Ainda atraco lá, paro, observo, admiro tu se esvaindo naquela névoa típica de marés perigosas, e desejo inutilmente que volte, se desamarre de outros navios, que venha e suba no meu barco, para gente se amar na madeira molhada e no balanço que o mar tem.
Me odeio todas as vezes, que eu desejo teu sorriso para brindar a lua comigo, te odeio todas as vezes que eu desejo que tua boca veleje por onde fazia rota contínua.
Me apaguei aqueles teus olhos, de poço escuro, de dentes claros como um lago, me apaguei ao nosso passado, ao nosso fim incerto, a tudo o que não saiu de cartas e sonhos, a tudo que era tão nosso, que não ousávamos atracar em canto algum, éramos mar contínuo.
O mar é traiçoeiro, fundo, não tem fim. Rege os barcos como bem quer, naufraga com quem quer. Foi assim, não naufraguei, minhas velas ainda vão em tua direção insistem em parar em teu porto e esperar um pouco de...hospitalidade.

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