- Sobre o que se é.

Quem fui?

 Ah, a mesma. Só que mais empenhada, mais mau vestida e presa dentro de si. Mas sempre soube que era assim, não me surpreendi, na verdade nunca me surpreendo.

 Finjo, na verdade finjo muito bem. Mas essa minha cara de surpresa, é mero e bem projetado, teatro. Não me surpreendo, não me exalto; eu simplesmente sei que é o ser humano, sempre vem com uma melhor ou pior que as outras e  está sempre em mutação. Talvez meu teatro, seja mero capricho meu, para caçoar na minha mente da sua cara 'real' de surpresa.

Você vai ficar enjoado, só de ouvir a primeira frase do meu monólogo, não gosto de ouvir, gosto de falar. Então, se eu fosse você ficava bem longe de mim. Aposto com você, um minuto de mim mesma e você nunca mais vai aparecer.

Mas não pense que é um lamento de menininha mau amada, é um orgulho, afinal, pessoas fingem para serem aceitas, e sabe eu não tenho esse 'dom' sou isso aí, pura e áspera. Não me mime, não me dê seu amor, você vai estar jogando ele no lixo.

Não adianta tentar me por em saia justa, em armadilha, em qualquer coisa do tipo, eu tenho retórica, jogo de cintura, ironia de sobra e simplesmente não tenho vergonha da vergonha. No final, quando você analisar os fatos, vai ver que a vergonha foi toda sua, e que a minha ironia só você não percebeu. Então, vamos lá! Ponha o pé para eu cair, cuspa na minha cara, derrame refrigerante na minha roupa, desfile com ele na minha frente, o beije, o abrace, diga que é seu, pinte o sete, me derrote.

E no outro dia, quando você me ver, você vai ver a mulher mais feliz do mundo, com o sorriso mais largo do mundo e pode fazer tudo de novo, que na manhã seguinte você vai me encontrar, intacta, absoluta e  indiferente a você.

E há sim um instinto seu que te põe longe de mim, sou perigo e você para mim vai ser apenas mais um capricho, uma peça minha. Por que não sei se eu já te falei, mas eu gosto de jogar e disso meu caro, eu entendo muito bem.