- Ácido

Nunca entrou em campo para perder, perdeu algumas vezes, mas sempre querendo revanche.
Nunca valeu a pena discutir, espernear, gritar, chorar ... Com ela sempre foi os pingos nos is e o preto no branco.
Sempre soube que não era normal, sempre soube que causaria no mínimo risos onde quer que fosse, não era só um rostinho bonito, nunca foi, o interessante mesmo era a extensão disso  e seu repertório quase infindo de qualidade, que também eram defeitos e não tinham como se separar.

Tinha todo o futuro do mundo, podia ter a ostentação dos portões dourados, mas sempre preferiu a porta dos fundos, não era muito externa.

Não abaixa a cabeça, não abaixa o tom de voz, não desfaz o olhar que é página, sempre com algo escrito, não desfaz o sarcasmo. Louca. De pedra, de pétala, de tudo.

Nunca existiu meio termo no vocabulário, ou ama, ou odeia de uma vez só. Ama... Engraçada concepção. Amor? Está fora da lista de preferências, quer dizer, não existe mais por lá.

Ela gosta, é isso. Gosta! Em maior e menor intensidade.

E se for para ir, ela vai de cabeça, depois cansa, chora, se arrepende, odeia mais um pouco e no final sorri, querendo ou não, ela sempre acaba no riso.

Gosta de ver na cara deles, o prazer que ela sabe que pode proporcionar, gosta de ver o desejo passar pelos olhos dele e alimenta-o, mas não o satisfaz totalmente. Nunca gostou de ser mais uma, ela gosta mesmo é de ser ‘a que não foi’. Que por mais desejada, lutada, não foi. E como dizem as más línguas não foi, por que não quis, e ela grita na cara de quem quiser ouvir: Não fui, por que não quis mesmo e faria tudo de novo!  E que se dane o mundo!

Gosta de estar em cada momento como se fosse o único, não gosta de pensar na ideia do último, é melancólico demais. Ela é o momento, sente, vive o momento, o dobra e o leva para o resto da vida, não esquece. Se prometer, cumpre. Mas, nunca promete; gosta de ser dúvida.

Vê nas coisas simples a verdadeira beleza, a que ninguém olha. Visão artística aguçada.

Gosta do gosto do veneno e do poder que ele tem,

Já foi chutada, amada, vencida. Já passou por tantos, porém ainda está aqui para contar a história.

É o lixo, é o luxo, é o ódio, é o amor.

Prazer.