segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Balada da bailarina torta.

Ela ia com seus pedaços, bailando por aí.
Pondo um pé na frente do outro, como fazem as bailarinas clássicas.
Segurando todos os sonhos com força nas mãos suadas, e repetia sempre:
- E ainda, que chova, que sangre, que doa, eu não vou desistir, eu não vou soltar.
E pesava muito, aqueles sonhos antigos...
E pensou em soltar mil vezes, tentou desistir mais umas duas mil.
Mas sempre seguiu dançando, um pé na frente do outro, respirando fundo.
Perdeu coreógrafos, bailarinos e pares de dança.
O número agora era um solo.
Só ela e ela mesmo, e tudo o que cabia no espaço das mãos.
Todo amor, toda a alegria, todo o nada que ela julgava de importância.
E ela foi, bailando, sangrando, como podia.
Fazendo teatro a dor, cantando alto para atrair a alegria.
E já não chorava, não havia mais lágrimas.
Mas havia fé, e mesmo que os motivos fossem vagos...
Ela dançava, muito e cada dia mais, doendo e sofrendo.
Ela bailava, para ficar de pé.

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