Repetia pra mim todos os dias na frente do espelho encarando meus próprios olhos presos: "O amor é um cão dos diabos." Frase engraçada, não? Era meu mantra, o título de um velho livro de um autor velho, na minha coleção de velhas coisas.
Vestia a ideia e ia pro mundo blindada ao sentimento lateral e visceral de amar alguém. Gostava de falar sobre, a teoria é sempre bonita, os filmes nos pregam amores sempre bonitos, a entrega declarada é bonita... Porém a realizada nunca é concreta.
Porém sou romancista, e dentro de mim ventaneiam num redemoinho infindável e selvagem páginas velhas, da minha coleção de coisas velhas. Páginas velhas que sonham com uma fenda pra fazer enredar-se no enredo da minha história singular.
Sou romancista, tenho que me apegar à um mantra controverso, repetir "O amor é um cão dos diabos", porquê se acaso me permito uma fenda de encantamento, as páginas cheias de sentimentos decodificados, sentimentos Kahlo, Shakespeare, Abreu, Goethe e tantos outros infelizes... Saem. E se saem me espalham pelos quatro cantos do mundo, e seria uma miséria à minha sanidade sentimental.
E eu, romancista que sou, me deixaria no primeiro moço em que minha retina voltasse mais de três vezes pra apreciar a dita imagem do moço, que nem precisaria ser atrativa à olhos humanos, meu romantismo acha a beleza, nos cantos, no recanto dos lugares improváveis para dar bossa aos romances...
E se ele não fosse romancista também, seria eu mastigada por esse tal cão que habita no meu mantra, e ele me arrastaria pra um inferno cheirando à rosas, à um inferno suicida e atraente, onde mora pomposo e indomável esse cão violento de todos os diabos.
Pobres de nós!
ResponderExcluirInfelizmente... Pobre de nós romancistas que somos.
Excluir;O Que lindo, adorei. ♥
ResponderExcluirObrigada lindinha! ♥
ExcluirDeu pra ler meus pensamentos agr foi? hehe
ResponderExcluirFico toda besta quando consigo capturar pensamentos alheios. ♥
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