sábado, 13 de julho de 2013

Término.

E então ele estava sentado à minha frente com centenas de palavras estampadas no olhar mais frio do que eu imaginaria ser a ideia de morte e eu estava tão vazia como estive nos últimos dias, na últimas semana e fazendo bem as contas acho que permaneci assim nos últimos seis ou dez anos... Numa inércia emocional que só ficava mais inerte, em repouso eterno, sem nenhum V¹ sem nenhum V². ( Não sei o porquê de me apegar tanto à tudo que odeio, como por exemplo, citar física, que tanto detesto, pra exemplificar meu vácuo, meu repouso desacelerado...)
Me fitava como se esperasse que eu levantasse e pedisse desculpas por tudo de errado que fiz na minha vida, que eu chorasse e me descabelasse, e que me agarrasse em suas pernas pedindo pra que ele me deixasse com um pouco mais de vida, como dizia uma música minha preferida. Mas isso não me atraía, ou até atraía... Mas nesses anos todos eu aprendi à não me atrair pela humilhação pública íntima de pedir perdão, não me atrair à essas coisas que as pessoas se submetem pra não perder umas as outras.
Passava a maior parte da minha vida querendo explodir assim, querendo ser uma bomba relógio de pouco tempo. Querendo fazer justiça com minhas próprias mãos, queria que chovesse ácido pro mundo inteiro derreter pra que eu me sentisse saciada das dores.
Ele me olhava como se me acusasse e eu só sabia olha-lo de volta e juntar as sobrancelhas esperando que ele me xingasse de alguma coisa, intimamente eu queria vê-lo me deixar também, também tava cansada do que eu era, e não faria muita questão de mim. Eu vivia numa eterna torcida pra ver ele desisti, mas ele não desistia. Não aguentava mais ler o que os olhos dele me diziam e olhei pra mim, pra baixo e pros meus sapatos. Fazia tempo que eu não ligava mais pra sapatos, nem pra mim também. E os olhos também reclamaram disso.
Tentei balbuciar alguma coisa e nada saiu, o fitei novamente e ele olhava pras mãos apoiadas unidas nos joelhos, parecia estar pensando no que fazer comigo dali pra frente.
Ele olhou pra mim, e pela primeira vez em anos eu tive medo, muito medo, era o pior presságio que meu sexto sentido poderia captar, o pior sinal de rádio psíquico já emitido na história da humanidade.
Ele afrouxou a gravata, levantou e foi até a porta. Acredito que naquele milésimo de segundo que eu juntei minhas forças pra segurar um grito, pra não acordar ninguém, ele esperou alguma coisa, imagino que ele esperava um escândalo, mas eu já tinha feito todos internamente, já tinha quebrado todos os copos contra minhas costelas.
Eu só consegui olhar imóvel, de boca seca e pés gelados e ele foi embora e bateu a porta. O eco me atingiu mais que espiritualmente, mais que internamente. Era pior que uma dor física, eu morri naquele dia, sem dizer uma palavra, sem nem chorar, era uma dor vazia e eu simplesmente deixei de ser.
Eu desisti junto com ele.

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