E daí que você me tirou para dançar. E eu sentia sua respiração na minha orelha, como um convite, um quase que irrecusável convite. Mas eu era a moça da noite, não podia me render ao teu simples tango, que de simples não tinha nada, eras diferente.
Eras diferente do jeito de pegar minha perna que gingava no teu quadril, ao som roco do tango.
Eras diferente no jeito que tocavas minha cintura e do jeito que me rodopiavas até que minhas costas estivessem a um palmo do chão, e me puxavas de novo, para perto de ti agora, onde a música perdia por mim: Não me deixe ir, não me deixe ir.
Sorriste-me, e eu levantei minha típica sobrancelha, que soava como um desafio, te virei as costas e puxei um outro para dançar, e os garotos tocavam Moulin Rouge, e eu tinha o controle dele. Sabia que meus olhares o manteriam ali quando eu quisesse.
Mas eu não o queria, queria você e sua barba por fazer.
Mas eu era a garota do batom vermelho e do Christian Louboutin negro. Não podia terminar a noite com você que fez meu Ne me qui te pas melhor, mas ardente.
Eu não podia, mas o que eram proibições à mim? A dona da festa e do casino? E a dona dos cabelos negros que caíam-me pelas costas, agora nuas, em tuas mãos, era tua aquela noite e tu se perdeu em minhas saboneteiras e não encontraste mais o caminho da volta, e eu de manhã cedo bati a porta, óculos, cabelo, tudo organizado, dei-te um beijo de juízo final, mas fui tua quando tive que ser, e à noite era de um tango ardente e dramático que terminou em despedida.
Da minha parte, porque, porque ficaste com o que sobrou do meu beijo e como eu te pedi : Não me deixaste ir.
Atendeste-me.
- Il est paraît-il
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