terça-feira, 26 de julho de 2011

25 de Julho, Belém, 2011

Seria ousada demais, intitular-me uma escritora, mas julgo que mereço sim, pelo menos um terço da grandiosidade desse título, não digo pelas obras, porque deveras, não tenho uma se quer que eu seja totalmente satisfeita, mas aí que esta a graça, sentir-me pouco para querer ser mais, para surpreender o que já estão surpreendidos com minhas mil faces, que vão de coitada à fatal.


Mas quem dera, e eu anseio pelo dia, em que me olharei no espelho e me darei por satisfeita, e me intitularei uma escritora, sendo ousada, muito.

Não posso ser, ainda não, é demais para querer...

Ser escritor, é ter a loucura lúcida e arte de encantar de Caio Fernando de Abreu.

É brincar com um ‘deveras’ e transformar uma simples poesia, numa epopéia de vocábulos como vez o monstro Bilac.

É ser essa coisa de não querer ser mais, que tragava cada túmulo e termo científico que Augusto descarnava, nas suas páginas que só faltavam sangrar, de tanta sombra.

É estar com o coração amarelo de Neruda, de tanto amar, de tanto ser, de tanto querer ser.

É ser Goethe, e descarnar numa fantástica ciência a inquietude humana.

É descarado, que mostra mesmo para que veio, e se diz, ou melhor e se mostra totalmente nu, como fez Charles, sendo desrespeitosamente e deliciosamente, safado.

É ser Jobim, cantar, cantar e poetizar e ser Drummond em suas duas faces, a doce e a fatal, ambas contando a história do redemoinho que internamente corrompe cada um de nós.

É ser Vinícius, e ah, é ser Vinícius, boêmio, de cervejas e bares, e de um romantismo doce e musical, e gostoso de ver passar.

E Pessoa, esse Fernando, que se descrevia, revoltado. Seus males, mandando-se ao diabo, e todos para o inferno! E o que mais dizer se ele disse tudo? Disse eu, disse ele, descreveu :’’ O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente.’’



E admito, não sei se sinto o furacão que invade minhas páginas, mas finjo, finjo tão completamente, que chego a sentir, e que engraçado esse meu dilema, que não sente, mas faz sentir.Quem se dispõe a ler, é um prazer, mas que imensurável, fazer sentir, e que se descubram! Vocês meus ávidos leitores, quero que devorem cada trecho, que guardem e levem consigo, é de vocês, é para vocês.

É ser verso, é ser prosa, ser lírico, erudito, é ser samba, ser da sacanagem, ser da cabanagem, ser do amor, ser da paz. Ser nada, ser de tudo. E com a certeza, destreza e coragem, que a missão é passar o que não se ousa dizer, e fazer como todos deles, uma história, e quem dera, a sua história? Para ser contada, passada e estudada de geração à geração.

Ou não, menos que isso, apenas escreva, para fazer sentir em você mesmo que pulsa algo inquietante aí dentro, mil histórias, mil desejos, e é por isso. Eu escrevo.

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