Caída, depois da tua ida, eu me encontrava ida.
Eu fui embora como Odisseu, sem dizer quando ia voltar.
Me levaste de mim mesma, me deixando?! Sim, o fizeste.
Os dias correm junto as balsas de Ades, junto com meus dedos dentre as linhas das páginas de Enéida, correm junto ao meu lábio inferior que acaricia a borda de uma porcelana, festejando individual Dionísio, correm como as chuvas nas vielas, correm junto ao fluxo indiferente de minh'alma que escorre da ponta do olho, molha os cílios bem pintados, transpassa a ponte do nariz, e me prova, o quão salgada é meu líquido [minha vida] sem teu santo doce.
Sinto-me covarde e pequena, deveria ir ao teu encontro, a morte não é muita coisa, eu ainda lembro teus lábios pronunciarem, eu lembro!
Naquela noite meu desespero foi mais cego que o meu amor-veneno, eu temia por mil homens, condenados a mais dois mil espartanos juntos, temia por mil homens apavorados com o prenúncio do fim do mundo.
Você não podia [me] partir, te fiz prometer que me esperaria, juraste-me a vida [- Sou teu, fogo e ossos] disseste-me que tudo teu era em torno de me esperar.
Não foi naquela noite, mas o tempo é carrasco, tanto para Crasso, quando para Cleópatra, tanto para mim, rele mortal. A morte sempre sorrateira, cheirando a leite morno, caçou de mim, rasgou teu lugar no meu leito, ceifou você, sem dúvida o sangue lavou você e junto com você meu sopro de vida... Não há mais nada. Existir ainda é muito para o que eu faço, é como se Apolo resolvesse pressagiar tampando o sol, escurecendo a parte do mundo que é minha. É vermídeo, me arrastando entre a carnificina de uma última página, sendo como uma mulher de Atena, vivendo pro seu marido até o último segundo do mesmo e depois dele.
Orfeu e Eurídice, Psique e Cupido, Alexandre e Heféstion e ainda Roxanna, Aquiles e Pátroclo, Aca e Hércules, ouso ainda Cronos e Rea... Não, Eros não nos deu glória, ou nos escreveu nas paredes antigas.
Não nasci da espuma de Poseidon, sou pouco, nada. É solidão, não me cabe saudade, saudade há luz, eu estou no escuro.
Você não deveria ir, nunca deveria, os amantes deveriam ser gigantes eternos, para se amar durante a eternidade, é um excerto de lamento. Só respiro, serei apenas um final trágico de alguém que amou alguém, e morreu amando, ou melhor, amou até o último milésimo de sanidade.
- Que Zeus, te conceda em glória.
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