domingo, 14 de abril de 2013

Achava eu que o mundo andava caindo em seus próprios precipícios astrológicos.
Arranhando tanto com seus arranha-céus, que o céu já era tinto, de tanto sangue.
E a chuva que caia conservava um gosto e cheiro de ferrugem, como se o mundo sangrasse.
Cai na redundância de achar que mesmo dias claros eram cinzas, que flores já não haviam.
E arco-íris não existiam mais, achei que homens maus marchavam sobre a terra.
E gente boa se trancava de medo, olhando apáticos pelas frestas das janelas meio fechadas.
Achei que o mundo só tecia críticas, e não mais poesias. E que músicas já não haviam.
E achava que já não cantavam os homens, só choravam, e viviam mergulhados numa putrefação.
Achei que o mundo e tudo o que importava estava amordaçado e preso à uma cadeira sob tortura.
Acreditava que estava mudo, e não podia gritar, e mesmo que gritasse, quem iria ouvir?
Entretanto, no meio dos olhos dos furacões mundanos, do ódio escarlate, e da frieza ainda que quente,
Há num mundo um fervor de boas novas, de coisas semi novas esperando ser mais uma vez olhadas.
O que me despertou pra um fio de esperança, pescando dentro de um lago inquieto uma luz.
E que eu espero que funcione como corrente despertando um por um, cada gigante semi morto...
Foram os pássaros, "e que bobeira a minha achar que pássaros podem mudar o mundo", pensam terceiros.
São trombetas audíveis de um outro lado de uma outra face de uma escolha que sempre nos cabe crer.
E vem descortinando as pequenas coisas boas dentro de nós, que destroem grandes coisas ruins.
Destroem coisas monstruosas, um feixe de luz dissipa qualquer escuridão.
Ainda existem os pássaros, que independente das incisões desumanas dos humanos, continuam cantando.
Independente das feridas que sangram e dos olhos que choram e das bocas que riem, continuam cantando.
E de que vale todos os homens maus marchando sobre o mundo, se os bons ainda podem ouvir?
E de que vale toda a maldade, toda a metonímia diabólica?
E de que valerá se os pássaros continuarem cantando, porquê no fundo das desgraças, ainda assim...
Haverão razões para cantar.

4 comentários:

  1. Perfeito...encantador...inspirador...
    Parabéns... =]

    ResponderExcluir
  2. Conheci o blog e consequentemente o texto pelo Diego Freire e amei cada palavra Yasmin, me inspirou profundamente. Lindo, lindo, lindo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Escrevo pra que essa meta seja cumprida: Inspirar as pessoas, e fico imensamente feliz quando consigo. Obrigado e volte sempre Cintia. :D

      Excluir

Critique-me ou Surpreenda-me

Seguidores

Yasmin Galindo.

Pesquisar este blog